sábado, 6 de dezembro de 2008

Andrea 6

Adeus Andrea
Andrea, esta é a minha última carta. Pelo menos a última que escrevo pra você.
Só pra constar o quanto eu devo ter te amado, minha querida. Devo ter, pois não sei ao certo o que sentia quando dizia que te amava.Finalmente. Posso afirmar com clareza tudo o que mais desejei enquanto estive ao seu lado. Suas meias e as torradas com geléia de morango. Suas meias ficam marcadas nos tênis ficam tão marcados nas meias quantos os meus. Ficam tão coloridas quanto às cores do tênis, o que eu particularmente, não entendendo. E as geléias. Você gosta de geléias de morango com torradas. E seu tênis azul fica marcado nas meias, como minhas meias ficam marcadas do meu tênis vermelho. E você come geléias de torrada com morango. Quer dizer... Ah, deixa pra lá. É tanta a minha euforia que nem sei mais ao certo o que dizer.
Preciso te falar: comprei um novo guarda-chuva, minha querida. Não terei mais que correr durante a chuva para resgatar minha fortaleza de secura. De qualquer forma, é inútil. Desde que começou essa época primaveril de chuva eu desisti de usar. Andar ao léu na chuva sem guarda-chuva é o que há de melhor. Junto com esse frio ensolarado que toma conta dos meus dias e dos meus que, por acaso, minha querida, você não tem mais onipresença neles.
Andrea, minha querida. Como eu te amei. Amei. Amo.
Podemos tomar chuva ao menos mais uma vez juntos? Caminhar sobre aquela areia fofa de praia que sua foto eternizou? Comer maçãs do amor até nos empanturrar e ficar com a boca azeda de tão doce? Fazer aquele passeio de carro, no transito, enquanto você ajeita seus cabelos no retrovisor do meu carro?Nos beijar acidentalmente como naquela primeira noite dos meus sonhos?
Nem toda a modificação do universo poderá tirar o sabor dos seus lábios da minha boca. Nem todas as mulheres do mundo podem tirar o suave toque dos seus cabelos por entre os meus dedos. Nem toda a cegueira me fará esquecer seus olhos brilhantes e faiscantes de tão azuis, na qual é extremamente fácil de se perder.Ninguém poderá tirar a sua voz dos meus ouvidos. Sua voz foi feita para que eles a pudessem admirar, minha querida.
Mas era um sonho que já sonhei.
Andrea, perdoe-me por me deixar dormir em seu apartamento naquela noite. Estava sendo frustrante sobreviver sob os mesmos erros a toda ora. Os mesmos erros, as mesmas conversas, as mesmas palhaçadas, as mesmas discussões, o mesmo choro sofrido de raiva. As mesmas bebidas de leite. O mesmo banheiro imundo.De qualquer forma, sei que fora a única pessoa que me deu alguma atenção. Agradeço eternamente por isso.Alias, agradeço por me deixar desabafar com você sobre você, sem você imaginar que fosse você.
Obrigado Andrea
Adeus

Um comentário:

Ayla Pupo disse...

Se isso for realmente pra alguém, e esse alguém estiver disfarçado de Andrea, com certeza é uma coisa muito triste =/. Se ainda a ama, porque não tentar ficar junto ? Nunca viu o filme "A Mexicana", com o Brad Pitt e a Julia Roberts ? Ela lhe pergunta quando um casal deve se separar, se eles se amam, mas não conseguem se agüentar. E ele responde que nunca devem se separar, pois se o gostar é mais forte, é isso que importa.
Talvez ainda haja uma chance ;).