sábado, 6 de dezembro de 2008

Andrea 4

Boa noite Andrea
Andrea
Esses dias de frio apenas aumentam a minha temperatura. Estou com febre. Estou doente a ponto de ir ao medico. Sabe que eu detesto medico, minha querida. Sabe disso.Ainda não faz o tempo chuvoso que tanto prezo. Apenas as poucas lágrimas duras que seqüelam meus olhos escorrem por entre as florestas do meu rosto. Apenas meus cabelos maltratados pairam sobre o céu da minha cabeça, definhando todos os meus sonhos importunos.E você está em todos eles minha querida.Não quero mais sonhos, Andrea. Eu sei que ao fechar meus olhos você vai descer as escadas como naquele nosso primeiro encontro, forçosamente forjado por mim. Eu sei que, ao fechar meus olhos, a taça escorregara por entre seus belos dedos que eu segurei naquela mesma noite. Eu sei que, se abrir meus olhos, haverá mais escuridão do que quando os fecho.Devo-lhe desculpas Andrea, novamente, pelos seus dedos. Arrependo-me tanto. Podes não acreditar em minhas palavras, mas quase que não durmo aquela noite. Não era minha intenção machucar sua mão com aqueles cacos de cristal. De qualquer forma, pode não ter tido importância para você. Mas insisto em dizer: quase que não durmo aquela noite. Por dois motivos muitos simples:Não sei se me conhece a tal ponto, mas, acredite, sou um poço de arrependimento. Passo dias remoendo fatos, tentando me perdoar por algo errado, ou que meramente julgo errado, que fiz. A verdade é que eu fui um afobado, um descontrolado. Um completo imbecil por ter te machucado. Você diz que não houve zanga, minha querida, mas teus olhos não mentem por você. Seu silencio também não é um bem convincente. O seu silencio e o seu olhar foram na verdade o primeiro motivo da minha insônia.Mas eu me contradigo novamente. Não só a culpa de te ferir, mas o toque de teu existir.O segundo motivo foi por eu ter segurado sua mão entre as minhas. Suas mãos rosadas de belos dedos. O toque macio daquele membro gelado. O sangue vermelho estocado sobre o machucado daquela maldita taça que ousou te ferir.Por minha causa.AndreaFoi ao tocar sua mão que tive a certeza que te amava.Foi ao receber o seu olhar gélido que tive a certeza que me detestavaAndreaNão sentiras minha falta quando eu partir, que não tardara.Não sentirei sua falta quando partir. Carrego-te comigo em todos os momentosAndreaEscrevendo seu nome pela sexta vez nesta carta, meu olho lacrimejaram a tal ponto que nãopude me controlar. Não por você. Não por mim.Mas por essa situação triste que um alegre final não terá.Apagarei as luzes mais uma vez. Você vai surgir sorrindo e convidativa. A espera do embalo de mais uma canção que você vai escolher.Podemos fazer um trato?Escolhe a canção e eu escolho a emoção? Escolhe a aventura que eu escolho a temperatura? Escolhe a luz e então me seduz? Escolhe o dia e eu me encho de alegria? Você desconsidera meus últimos erros e eu ínsito no desejo?
CHEGA! Quanto disparate estou dizendo!
Se bem que eu tenho certeza que, só seria disparate, se você lesse ao menos uma linha desta carta.E eu sei, nunca leras.
Boa noite Andrea
Carlo

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